quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Uma odisseia sobre filmes de terror, ônibus, desespero e papo de taxista...

Domingo passado tive uma aventura épica, lotada de peripécias mirabolantes minimamente interessantes. Digo, essas peripécias são, no mínimo, interessantes, não que não são interessantes. A aventura começou quando o médico falou para meus pais: "É um menino!".

 Não, espera, isso aconteceu há quase 20 anos. Me perdoem pelo equívoco. Retomando o assunto, a minha jornada épica começou por volta das 17:50 desse último domingo, quando coloquei meus pés fora de casa e segui rumo ao ponto de ônibus. Tive uma pequena falha técnica, pois desconsiderei que os ônibus, por algum motivo, não passam com a mesma frequência todos os dias da semana. Oras! O erro foi meu, tudo bem, eu aceito. Podem me chamar de egocêntrico, mas eu espero que assim que eu chegue no ponto, já deveria ter um ônibus me esperando, às vezes esse pensamento se concretiza, às vezes não. Enfim, depois de chegar na estação de trem, ligeiramente atrasado com relação ao horário marcado, começo a pensar na música do Raul Seixas, afinal, não há como não pensar em "Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem" quando vemos um trem se aproximar de nós - exceto, é claro, se você estiver nos trilhos.
Após eu chegar 10 minutos atrasado no meu objetivo, resolvemos assistir a um filme de terror que, por puro e infantil preconceito, já presumi que seria ruim. Mas me surpreendi, depois de muitos anos, com um filme de terror. Por volta das 23:10, saímos do cinema e voltamos rumo às nossas casas. Por volta das 23:30 chegamos de volta à estação de trem e nos despedimos. Por volta das 23:40 começa a segunda parte da aventura: o ônibus.
Como falei anteriormente, por algum motivo que não sei qual é, os ônibus passam com uma frequência muito menor e param de rondar mais cedo nos domingos. Segunda falha técnica minha. Tudo bem, erro meu. Depois de mais alguns minutos, que obviamente demoraram horas na situação atual, percebi que teria de tomar decisões que mudariam o rumo da minha vida: plantar uma árvore! Não, espera, de novo perdi o raciocínio, essa é uma outra história. Decidi que era melhor pegar qualquer ônibus que me deixasse minimamente mais perto de casa, até porque, poderiam existir outras opções de ônibus para poder chegar em casa se eu já estivesse mais próxima dela.
Terceira falha técnica. O que desencadeou a terceira parte da minha odisseia: o desespero. Sabe quando você realmente começa a ficar sem alternativas? Então, todas as linhas já tinham parado de passar, afinal, já era mais de meia noite de um domingo - ou seria segunda-feira? - e o desespero começou a rondar minha cabeça. Cogitei as opções: (A) Posso pegar um táxi e arcar os custos com o gosto da derrota, afinal, já não poderia sacar dinheiro no banco e só estava com um cartão no bolso. (B) Posso ir andando pra casa e chegar lá depois de quase duas horas, mesmo tendo prova no dia seguinte de manhã cedo. (C) Posso assumir a derrota e ligar em casa de madrugada, acordando algum desavisado para me buscar no atual local. Nesse momento, você deve estar pensando: "Ah, mas as três alternativas eram plenamente viáveis". Não naquele dia, naquele dia eu era um aventureiro e tinha que arcar com meus custos, nem que para isso eu tivesse que saciar minha fome comendo um punhado de cogumelos venenosos e morrer logo em seguida.
Fui pela primeira alternativa, mas esqueci do detalhe fundamental: eu não tinha créditos no celular. Tentei ligar a cobrar uma dúzia de vezes, mas simplesmente atendiam e depois desligavam. Depois de algumas tentativas, olhei para meu celular e pensei comigo: "Olha, pelo menos ainda tenho bateria e sinal no meu celular, qualquer coisa o plano C ainda está de pé!". Quando fui tentar ligar novamente, meu discador parou de funcionar e meu celular travou, me forçando a tirar a bateria e religa-lo. Por algum motivo, após realizar esse procedimento, meu celular - que antes estava com 87% de bateria - simplesmente perdeu toda a carga e ficou com cerca de 12% de bateria. Para um smartphone, até que ele é bem "burrinho". Pensei comigo: "Ok, plano B!". Depois que percebi que tinha uma prova dentro de algumas horas e já teria pouco tempo de sono, conclui que não seria muito interessante. Com isso, cogitei o plano C algumas dúzias de vezes, mas resolvi voltar ao plano A e ligar incessantemente, até que minha bateria se esgotasse por completo. Afinal, quantas vezes é possível uma pessoa recusar uma chamada a cobrar?
Depois de mais uma dúzia de tentativas, todas recusadas, resolvi ligar para outra central de táxis, onde minha chamada também foi recusada diversas vezes, mas, num dado momento, finalmente me atenderam. Agora, se inicia a quarta - e última - parte da minha aventura: o papo de taxista.
Se você já pegou um táxi, sabe que taxistas são seres interessantes. Afinal, com quantos bêbados chorões, velhas fofoqueiras e torcedores fanáticos esses profissionais já não tiveram de lidar? Eles são como os sábios gregos: velhos, fedem e são impertinentes, mas sempre têm uma opinião formada para tudo. Contudo, por incrível que pareça, a conversa se resumiu ao meu desabafo com relação à minha noite e algumas coisas sobre como o tempo estava. Até porque, se você não sabe o que falar, fale sobre o tempo.
Com isso, após todas as emoções vivenciadas por este quem vos fala, finalmente consegui chegar em casa a salvo. Talvez nem tão são quanto gostaria, mas salvo principalmente. Essa é mais uma história e a moral dela é: sempre tenha um pote de lubrificante anal no bolso, afinal, quando a vida quiser te enrabar, ela vai dar um jeito de te enrabar.

É isso aí, amiguinhos, um forte abraço.

Um comentário:

Unknown disse...

Que horror!! kkkk
E pagou como o taxi?? rs