Estrada de sangue.

Não sei em que ponto que tudo se perdeu. Não sei o porquê de ela ter feito isso comigo. Não sei por que fiz o que fiz. Não saber, esse foi meu erro. E esse meu erro foi o que me levou a tudo que eu jamais quis ser. A falta de conhecimento do mundo que eu pertenço, me fez crer em coisas que eu nunca quis fazer parte. A ignorância é uma bênção, certo? Errado, e meu erro for crer que estar ao seu lado era tudo que eu queria e precisava...
As velhas noites em claro com os amigos eram, no princípio, a minha razão de existir. Sempre que eu precisava deles estavam lá comigo, e vice-versa. Seja nos velhos shows de nossa bandinha, que ainda que não fizesse sucesso era algo nosso algo único e divertido por ser o que era. Tinha tudo que qualquer pessoa poderia sempre querer, amigos, um pouco de reconhecimento e momentos de diversão alienada. Mas tudo o que gostamos sempre acaba por mudar, a única coisa da qual eu nunca precisei foram mulheres. O sexo era bom, mas para se conseguir sexo sempre é preciso fazer algum sacrifício. No meu caso, sacrifiquei meus amigos e minha vida. Como foi possível eu ser tão egoísta? Ser um... um... um Zé Boceta! Tão idiota, colocar uma única mulher que não me dava nada, a não ser sexo, na frente de meus amigos que sempre estavam lá para me dar apoio, amizade, entre outras coisas das quais todos precisam?
Talvez o meu sentimento predominante seja a vergonha, pois agora eu estou sem meus amigos, e sem minha mulher... E bem, nada que eu fizer vai apagar esse maldito caos da minha alma.
Por fim, não tenho mais lágrimas para chorar, nem sangue para derramar. E creio que, a essa altura do campeonato, ninguém mais tem nada por mim. Chega, hoje mesmo pegarei a auto-estrada de sangue para o inferno. E querem saber? Quanto mais rápido eu chegar lá, melhor. Estou sacrificando tudo que eu já perdi para, quem sabe, aliviar essa dor insuportável que me atormenta... E agora que só tenho uma ação para tomar, não posso e não vou me arrepender de fazê-la...
Adeus...


Créditos ao Danilo Ribeiro, por me contar a triste história de um falecido amigo seu. Um homem que se matou jogando o carro contra um caminhão devido uma decepção amorosa.